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  • 22 Jan, 2025
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O estudo revela que, ao combinar as mudanças climáticas com o desmatamento atual da região, a Amazônia pode enfrentar um colapso irreversível de sua cobertura florestal. As áreas do sul e leste da floresta, que já sofrem com a devastação, poderiam ser favorecidas pelo aumento das chuvas, enquanto o norte, ainda preservado, poderia se tornar cada vez mais árido.

 

A saúde da Amazônia está sob ameaça, e os cientistas alertam que uma possível ruptura na circulação oceânica do Atlântico pode desencadear consequências drásticas, não apenas para o clima global, mas também para a sobrevivência da maior floresta tropical do planeta. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) sugere que o enfraquecimento do sistema de correntes do Atlântico, conhecido como Amoc, pode resultar em uma mudança nos padrões de ocorrência da região, com um aumento nas chuvas no sul da Amazônia e uma severa redução no norte do bioma.

O estudo revela que, ao combinar as mudanças climáticas com o desmatamento atual da região, a Amazônia pode enfrentar um colapso irreversível de sua cobertura florestal. As áreas do sul e leste da floresta, que já sofrem com a devastação, poderiam ser favorecidas pelo aumento das chuvas, enquanto o norte, ainda preservado, poderia se tornar cada vez mais árido.

A pesquisa é baseada em análises de sedimentos marinhos encontrados no fundo do oceano, que oferecem uma janela para o passado climático da Amazônia. Os cientistas estudaram períodos históricos em que a circulação do Atlântico foi temporariamente interrompida, como no fim da era do gelo, para entender os impactos no urbano da região. O que descobriu é alarmante: durante esses períodos, a floresta já apresentou sinais de grande transformação, com áreas antes cobertas por florestas tropicais secando e dando espaço para savanas e ecossistemas mais áridos.

Ao projetar o futuro da Amazônia com base nas condições atuais de aquecimento global, os cientistas simularam um cenário de enfraquecimento de 50% da Amoc. As projeções indicam que o norte da Amazônia seria significativamente afetado pela redução das chuvas, enquanto as áreas do sul veriam um aumento na incidência. No entanto, essas áreas já estão amplamente desmatadas, tornando difícil imaginar que a floresta possa se expandir novamente, caso as condições desenvolvidas se concretizem.

Cristiano Chiessi, um dos autores do estudo, destaca que o grande risco está na combinação dos efeitos climáticos com o desmatamento antropogênico. Se o enfraquecimento da Amoc realmente ocorrer, pode ser uma "gota d'água" que levaria a Amazônia ao seu ponto de não retorno, comprometendo sua capacidade de regeneração e sustentação.

O estudo também revela que, embora não se saiba exatamente quando o sistema de correntes oceânicas do Atlântico colapsará, há sinais de que isso poderá acontecer ainda neste século, como consequência do aquecimento global e do derretimento das geleiras da Groenlândia. Se a Amoc quebrar, o transporte de energia térmica no oceano seria significativamente alterado, afetando o clima global de maneira imprevisível.

Os pesquisadores ressaltam que é crucial continuar os estudos para entender os impactos combinados do enfraquecimento da Amoc, da manipulação florestal e do aquecimento global, para que medidas preventivas possam ser implementadas a tempo de evitar um desastre ecológico de situações globais.

Roberto Belvederesi

dono e gerente.